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3.4.05

The Life Aquatic with Steve Zissou



'The Life Aquatic with Steve Zissou' (passemos à frente o péssimo título português 'Um peixe fora de água') é o quarto filme de Wes Anderson, depois de 'Bottle Rocket' (1996) - que Scorcese recentemente disse ser um dos seus 10 filmes favoritos dos anos 90, 'Rushmore' (1998) e 'The Royal Tenenbaums' (2201). Pela primeira vez Owen Wilson não é co-autor do argumento com Wes Anderson (é-o Noah Baumbach), mas participa novamente como actor. Bill Murray participa pela terceira vez consecutiva (embora seja a primeira vez que é o actor principal) e Angélica Huston pela segunda vez. Além destes habitués, que já fazem parte da família, temos também Cate Blanchett, Willem Dafoe e Jeff Goldblum, reunindo-se assim um elenco impressionante.
Anderson baseia-se em Costeau (num misto de homenagem com paródia) para tratar o mesmo tema de sempre: a família. Tal como no anterior filme do realizador, temos uma família disfuncional (a tripulação do barco- o Team Zissou), que tem à cabeça um pai egocêntrico e desleixado, mas que quando as coisas começam a ir por água abaixo só pensa em salvar a sua família.
Se em 'The Royal Tenenbaums' Anderson tinha encontrado o equilíbrio certo entre a sua vontade de contar uma história e o lado retro e kitch que são a sua imagem de marca, neste filme o último aspecto ganha autonomia e o filme passa claramente para o outro lado do espelho, para um mundo muito próprio que existe na cabeça do realizador. Começando nas sapatilhas Adidas Zissou que o próprio calça (uma obsessão, depois dos fatos de treino Adidas vermelhos de Ben Stiller e dos filhos…), continuando numa personagem chamada Pelé dos Santos (interpretada pelo musico brasileiro Seu Jorge), um tripulante do Team Zissou que passa o filme a interpretar versões de David Bowie em português, o filme está cheio de pormenores bizarros, que incluem a própria maneira de filmar, parecendo que as cenas foram amputadas em 10 segundos na mesa de montagem, dando por vezes um aspecto desconcertante à narrativa, que parece que avança aos saltos e não continuamente.
'The Life Aquatic with Steve Zissou' não é uma obra-prima como 'The Royal Tenenbaums', mas é certamente o filme mais idiossincrático do ano e confirma Wes Anderson como um dos realizadores mais interessantes da actualidade.

2 comments:

O Puto said...

Gostei da viagem que partilhamos com a Team Zissou, com todas as catarses e bizarrias a que Wes Anderson nos habituou. Mas penso que a forma do filme é mais relevante do que em "The Royal Tenebaums", que abona em seu favor e me leva a preferir "The Life Aquatic..." ao filme anterior.

David Santos said...

tou de acordo! não é uma obra prima, mas um bom filme e a confirmação de um universo e de um estilo: Wes Anderson