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20.1.06

Match Point



Ao fim de quarenta anos de carreira, com pelo menos uma dúzia de obras-primas realizadas pelo caminho (e quantos realizadores -actuais ou do passado - se podem gabar do mesmo?), Woody Allen trocou os Estados Unidos pela Inglaterra. A burguesia Nova Iorquina dá lugar à upper class Londrina, devidamente representada por um cast Britânico.
Chris Wilton/Jonathan Rhys-Meyers é um professor de ténis que chega à alta sociedade por via do casamento com a simpática filha de um milionário aristocrata, mas tem fantasias com a americana Nola Rice/Scarlett Johansson. Como ter uma sem abdicar da outra é a questão que se põe a Chris.
'Match Point' é um (muito) bom filme, mas tem um problema: Allen já abordou as questões éticas que lhe estão subjacentes em 'Crimes e Escapadelas', na minha opinião uma das maiores obras-primas que o cinema nos deu nos últimos 30 anos. Não há mal nenhum em um artista voltar a um tema que lhe é caro - e muitos não fizeram outra coisa ao longo da vida. Billy Wilder, para nos cingirmos a outro dos maiores, voltou no final da carreira a filmar uma história sobre uma antiga estrela de cinema (em 'Fedora'), quase 30 anos depois d' 'O crepúsculo dos Deuses'. Mas as semelhanças entre Match Point e 'Crimes...' são muitas: Rhys-Meyers tem exactamente o mesmo problema que teve Martin Landau, resolve-o da mesma forma, e tem as mesmas dúvidas existenciais depois. A sensação de déja vu é inevitável. Se bem que, para sermos sinceros, a moral da história varia um pouco. A de 'crimes e escapadelas' era simples e brutal: o crime compensa e a vida é para quem não tem escrúpulos. Em 'Match point' o crime continua a compensar, a falta de escrúpulos também, mas...desde que se tenha sorte! O genial fim do filme apenas confirma a metáfora inicial do narrador: a vida é como uma partida ténis - por vezes a bola bate na rede e se cai para um lado perdemos, se cai para o outro ganhamos.
Match Point, Estados Unidos/Grã-Bretanha, 2005. Realização: Woody Allen. Com: Jonathan Rhys-Meyers, Scarlett Johansson, Emily Mortimer, Matthew Goode, Brian Cox, Penelope Wilton.

1 comments:

Maffa said...

E nao acham que sendo um crime deve haver uma autópsia, e se vissem que a Rice estava grávida iam de certeza desconfiar mais a sério dele e confirmar a arma que ele tinha usado?
A mensagem é isso da sorte mas mesmo assim...