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25.1.06

Odete



Depois da consagração em “O Fantasma”, João Pedro Rodrigues regressa a mais um conto urbano. Tal como na primeira obra, a cidade e os seus submundos servem de cenário a relatos aparentemente normais neste contexto mas que vão caminhando por terrenos cada vez mais bizarros.
Conta o percurso convergente de dois personagens. Rui (Nuno Gil) perde o seu namorado Pedro num acidente de automóvel e a partir daí a sua vida perde o rumo e o sentido, o que o conduz a uma vivência de solidão errante e de frieza depressiva. Odete (Ana Cristina de Oliveira) tem um percurso inverso. Evolui da solidão para uma obsessão, através de uma vida virtual quase calculista. Ambos possuem alienação espelhada no olhar, acentuada por uma desligação do mundo real. Aos cenários principais – um supermercado, um cemitério e um bar gay – são dadas novas funções, a versatilidade e o contraste imperam e é revista a noção do sobrenatural.
Muito se falou sobre o desempenho dos actores (para alguns fraco), mas penso que aqui é o labor de realização que sobressai. Não é um filme embriagante, mas o retrato das emoções onde não devem estar e a ausência destas onde seria expectável é muito bem transmitido, apesar de n’”O Fantasma” a corda ter sido mais esticada.
Odete, Portugal, 2005. Realização: João Pedro Rodrigues. Com: Ana Cristina Oliveira, Nuno Gil, Teresa Madruga.

2 comments:

Unknown said...

Concordo contigo em tudo. E só não gostei do final.
João Pedro Rodrigues é um caso à parte no cinema português (e não só!)...

O Puto said...

Concordas?!?! Estou estupefacto, mestre!