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14.2.07

Rocky Balboa



Quase 20 anos depois, Rocky Balboa não resiste a voltar para um último (?) combate. Ou, por outras palavras, Stallone, 17 anos depois de um filme com alguma visibilidade (Rocky V, 1990), não resistiu a um regresso às luzes dos holofotes. Claro que não pode deixar de ser um regresso nostálgico, reflexivo, que Stallone já vai nos 60 anos.
A crítica, como é sabido, péla-se por estes filmes em que os heróis se reinventam, quer seja parodicamente (houve uma altura em que qualquer filme em que Schwarzenegger gozasse com a sua imagem era recebido como uma obra-prima), quer seja dramaticamente (como neste caso). Não é assim surpresa que este filme esteja a ser um sucesso de estima, estima essa que infelizmente não posso compartilhar.
Stallone nunca primou pela subtileza a representar, e o mínimo que se pode dizer é que não melhorou com o passar dos anos. Subtileza é também o que falta à sua realização, desde a péssima banda sonora que oscila entre o lamechas e o triunfal, até a algumas opções formais mais que duvidosas, de que bom exemplo são algumas sequências em câmara lenta e até um momento em que tudo pára para a fotografia, com o herói de punho no ar: mau gosto, no mínimo. O argumento também não ajuda, sucedendo-se os lugares comuns: o falso bronco com bom coração; o filho perturbado com a sombra do pai (mas que se transforma num instante após um raspanete de 30 segundos); a memória da mulher (uma Santa!), que lhe dá força nas adversidades; os amigos que estão lá para representar um qualquer estereotipo; o adversário arrogante e que o olha de alto mas que vai acabar por o respeitar (o respeito é sempre a palavra chave em filmes de broncos). Só mais um exemplo: a forma como se carrega até ao limite nos comentários depreciativos dos homens da TV nos instantes pré-combate, para por contraste sublinhar o feito de Rocky. De facto, a subtileza não é o forte de Stallone.
Não vou ser mauzinho e falar aqui de Eastwood, pois a comparação seria obscena. Comparemos antes Stallone com Rocky: a criatura tem sem duvida mais talento com as luvas de boxe que o seu criador com a câmara de filmar. Assim, enquanto o come back de Rocky ao ring se traduz num combate memorável, o regresso de Stallone aos estúdios traduz-se apenas num filmezito esquecível.
Rocky Balboa, E.U.A., 2006. Realização: Sylvester Stallone. Com: Sylvester Stallone, Burt Young, Antonio Tarver, Geraldine Hughes, Milo Ventimiglia, James Francis Kelly III.

2 comments:

cj said...

até que enfim.
depois de tanta crítica lamechas, alguém diz verdadeiramente o que pensa...

Unknown said...

devo acrescentar que fui ver o filme num estado de espirito de simpatia. se não, teria sido penoso.