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9.5.07

Climas



Nas férias de Verão um casal discute por uma coisa de nada, e passado pouco tempo ele diz-lhe que é melhor separarem-se. Vai cada um à sua vida. No Outono ele deambula por Istambul, não consegue acabar uma tese, procura uma antiga amante, planeia umas férias a só num clima mais ameno. Quase no final do filme, no Inverno, resolve ir tentar recuperá-la.
É só isto, o argumento de 'Climas'. Acrescente-se que os esparsos diálogos do filme não vão além de assuntos triviais. Tem-se falado muito de Antonioni a propósito do turco Nuri Bilge Ceylan, mas aqui o ambiente é, não diria mais caloroso que é excessivo, mas mais próximo, apesar de tudo. É mais fácil identificarmo-nos com estas personagens, muito de carne e osso, incluindo o seu lacónico e opaco protagonista (interpretado pelo próprio realizador, tal como a sua mulher interpreta a outra metade do casal). Há muito tempo que não via um filme em que sentisse tanto a vida como ela é. As irritações, os sentimentos mal expressos, o orgulho, o egoísmo, as coisas mal resolvidas. Os pequenos nadas que inquinam uma relação.
'Climas' tem ainda um final estupendo e é, de longe, o melhor filme estreado este ano que vi até à data.
Iklimler, Turquia/França, 2006. Realização: Nuri Bilge Ceylan. Com: Ebru Ceylan, Nuri Bilge Ceylan, Nazan Kirilmis, Mehmet Eryilmaz, Arif Asçi, Can Ozbatur.

5 comments:

Miguel Domingues said...

Novo blogue cinéfilo: www.limitationoflife.blogspot.com

Passe por lá.

redonda said...

O final estupendo é porque ele consegue recuperá-la?

Carlos Pereira said...

Excelente filme sobre o amor em tempos modernos, sobre as flutuantes relações das pequenas coisas, como referes. Uma obra que prima pela identificação plena com o que observamos, um cinema que se molda de acorda com o próprio clima. E aquele final...

Unknown said...

Será que consegue, Redonda?

;)

Maffa said...

entao... nao vale dizer o final...