‘Vigilância’ nem começa mal. Numa esquadra da polícia de uma terriola da América profunda, vamos assistindo a um interrogatório, por parte de dois agentes do FBI, das testemunhas (um polícia local, uma rapariga meia junkie e uma criança) de um crime violento perpetrado por uns serial killers que andam a aterrorizar a zona, e em montagem paralela vamos tendo uma visão daquilo a que na realidade estas personagens assistiram.
Depressa percebemos que cada um só conta o que lhe convém e que os polícias daquela esquadra são um caricato bando de crianças grandes, que não só metem água por todo lado, como contribuíram mesmo para grande parte dos trágicos acontecimentos. Até aqui tudo bem, temos mais um retrato cínico mas não desinteressante sobre uma certa América interior, o mundo white trash, dos motéis, dos drogados, da polícia acéfala, do imaginário on road. Mesmo algumas cenas mais caricaturais são justificadas por esta afiada visão panorâmica.
Mas às tantas o filme dá uma volta de 180º, uma daquelas viragens com que alguns argumentistas gostam de surpreender o espectador, e a coisa descamba completamente. Não pela cambalhota, que enfim, é mais uma, mas pelo ambiente de psicologia chã que se instala, pelo ridículo das cenas em que se pretende fundir pulsões sexuais com crime, erotismo com transgressão da lei, em que não escapa nenhum, mas mesmo nenhum, cliché do género. É tudo de fugir e – é inevitável – não podemos deixar de pensar que estamos perante uma grotesca e simplória imitação do universo de David Lynch, pai da realizadora Jeniffer Lynch. Não havia necessidade.
Mas às tantas o filme dá uma volta de 180º, uma daquelas viragens com que alguns argumentistas gostam de surpreender o espectador, e a coisa descamba completamente. Não pela cambalhota, que enfim, é mais uma, mas pelo ambiente de psicologia chã que se instala, pelo ridículo das cenas em que se pretende fundir pulsões sexuais com crime, erotismo com transgressão da lei, em que não escapa nenhum, mas mesmo nenhum, cliché do género. É tudo de fugir e – é inevitável – não podemos deixar de pensar que estamos perante uma grotesca e simplória imitação do universo de David Lynch, pai da realizadora Jeniffer Lynch. Não havia necessidade.
Surveillance, E.U.A., 2008. Realização: Jennifer Lynch. Com: Julia Ormond, Bill Pullman, Pell James, Ryan Simpkins, French Stewart, Kent Harper.
2 comments:
Já no anterior filme de Jennifer Lynch era bem patente a sua colagem ao cinema do pai (no sentido negativo), neste "Vigilância" é mesmo de "tarte na cara", foi uma pena, porque como todos sabemos David Lynch só há um!
cumprimentos cinéfilos
Rui Luis Lima
Sim, eu ach que o 'Boxing Helena' ainda era pior!
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