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24.10.08

Olhos de Lince



Depois de ter realizado uma espécie de versão adolescente de 'Janela Indiscreta', 'Paranóia', J.D.Caruso volta a uma intriga Hitchcockiana por excelência: um cidadão comum encontra-se subitamente envolvido em algo que lhe escapa completamente e é obrigado a encetar uma fuga (de um bando de criminosos, da polícia, ou de ambos) enquanto tenta descobrir o que se passa (e entretanto conhece uma mulher que também é envolvida na fuga).

A primeira diferença significativa para Hitch, que levou este leit motif aos píncaros da excelência em 'Intriga Internacional', é que enquanto este se estava a borrifar no quem e no porquê (o famoso McGuffin), Caruso está bastante interessado nisso. O 'porquê': o filme tem uma mensagem, que uma personagem de encarrega de enunciar no final, caso alguém tenha adormecido a meio e a não tiver percebido: 'os meios que usamos para nos proteger podem-se virar contra nós' (crítica mais que directa aos excessos securitários dos States pós 11 de Setembro). O 'quem': curiosamente Caruso mata um dos poucos pontos de interesse do filme, ao desvendar a meio deste o vilão (que é bastante bem achado, diga-se) - donde se prova que não basta imitar o mestre, que seguiu este procedimento mais que uma vez, mas é preciso ter ideias de cinema próprias.

E aqui é que a porca torce o rabo. Não tivesse 'Intriga Internacional' nenhum outro interesse (e se o tem!), bastariam as antológicas cenas de Cary Grant bêbado no carro, o ataque da avioneta, a perseguição do monte Rushmore, etc., etc., para o tornar inesquecível. Mas quem ao fim deste 'Olhos de Lince' for capaz de se lembrar de uma única sequência memorável que levante o dedo. É que não há uma mera ideia original de cinema em toda a fita! É cena de perseguição estafada, após cena de perseguição estafada.

Posto isto, que fica deste thriller? Quase nada, pois. Voltando à redução por absurdo, se nada mais tivesse, 'Intriga Internacional' valeria ainda a pena só por causa de Cary Grant e Eva Marie Saint. Mas que dizer de Shia Labeouf (quando for grande quer ser o Harrison Ford) e de Michelle Monaghan (quanto a mim, o facto de me fazer lembrar o Michael Jackson, retira-lhe inapelavelmente qualquer tipo de sex appeal)? Que não têm grandes personagens para defender, mas que, verdade verdadinha, também não conseguem acrescentar nenhuma mais valia...

A vida segue difícil para os fãs de thrillers que insistem em deslocar-se regularmente às salas: por cada 'Ultimato', apanhamos com dez 'Olhos de Lince'.

Eagle Eye, E.U.A., 2008. Realização: D.J. Caruso. Com: Shia Labeouf, Michelle Monaghan, Rosario Dawson, Billy Bob Thornton, Michael Chiklis.

1 comments:

Unknown said...

Eu gostei de filme e o achei interessante...