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16.2.09

O casamento de Rachel



Não serei certamente muito original na comparação, mas ela é inevitável: ‘O casamento de Rachel’ está algures entre ‘Sombras’, de Cassavetes e ‘A festa’, de Vinterberg. Do primeiro herda a câmara livre, os actores a improvisarem, a música sempre presente. Do segundo, os fantasmas que surgem numa reunião familiar, o casamento de Rachel (Rosemarie DeWitt, muito bem).

Kym (Anne Hathaway, num papelão), a irmã mais nova e problemática regressa a casa depois de uma cura de desintoxicação e tira a tampa da panela de pressão. Um irmão morto em criança e muitas situações mal resolvidas assombram inapelavelmente esta família, em que a mãe (Debra Winger, num breve mas excelente regresso) foi embora e o pai está algo perdido. Mas ao contrário de ‘A festa’, em que as situações eram repisadas até rebentarem e fazerem estragos, aqui fica tudo no ar, a pairar sobre as personagens, sem que saibamos muito bem se algo ficou resolvido. O filme acaba mesmo em tom de festa, ou de fim de festa, para sermos mais exactos, novamente em ambiente Cassavetiano, de música, de ambiguidade, de indefinição.

Grande retrato familiar (argumento de Jenny Lumet, filha de Sidney), grande trabalho de actores, grande trabalho de câmara, grande filme, desse grande cineasta americano que é Jonathan Demme.

Rachel Getting Married, E.U.A., 2008. Realização: Jonathan Demme. Com: Anne Hathaway, Rosemarie DeWitt, Debra Winger, Mather Zickel, Bill Irwin, Anna Deavere Smith, Anisa George, Tunde Adebimpe.

3 comments:

C. said...

Ainda não vi, mas a sinopse fez-me lembrar também "A Festa" e ainda o "Pieces of April".

Unknown said...

O 'Pieces of April' nunca vi!

O Narrador Subjectivo said...

Bom comentário! Por acaso prefiro este a tanto Sombras como A Festa.