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25.2.12

As imagens bastam


Nascido para o cinema no tempo do mudo (tinha cerca de 15 anos quando o som se instalou), Langlois era de opinião que as informações são dadas pelas imagens e que o deleite diante de um filme não depende da percepção dos diálogos. Os futuros cineastas da Nouvelle Vague que quase nada sabiam de inglês viram dezenas de filmes americanos sem legendas  na cinemateca de Langlois e deram testemunho que isso os obrigava a prestar mais atenção aos elementos da mise en scène, à iluminação, à montagem.

[...] Bénard conta uma experiência pessoal que teve neste domínio, quando Langlois de passagem por Lisboa, lhe pediu para ver 'O Passado e o presente', de Oliveira. Como a cópia não tinha legendas, Bénard sentou-se ao lado dele e foi traduzindo, mas Langlois mandou-o calar: "Se o filme for bom não preciso para nada que me conte a história. As imagens bastam-me". Riu-se e acrecentou: "Le cinéma muet".
in Magníficas obsessões: João Bénard da Costa, um programador de cinema, de António Rodrigues

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