1.
O início de uma aventura sem paralelo na história do cinema: a vida em cinco 'episódios' de Antoine Doinel (Jean-Pierre Leaud, o alter ego de Truffaut). Um filme de começos, que encerra com o plano fixo mais famoso de sempre.
2.
Uma obra-prima pouco citada, que tem aquela que é talvez a maior personagem feminina de Truffaut, Muriel, 'a puritana enamorada' como se auto-define.
3.
Um magnífico drama negro, que tem a curiosidade de se passar parcialmente em Lisboa.
4.
A maior declaração de amor ao cinema jamais filmada, perfeita antítese das cáusticas visões de Hollywood sobre si própria (de que é paradigma 'Crepúsculo dos Deuses' de outro grande, Billy Wilder).
5.
A terceira aventura de Doinel (a segunda é a curta-metragem 'Antoine e Colette'). Um filme de uma leveza bela como nunca mais ninguém (nem eventualmente Truffaut) filmou.
6.
Talvez o único filme de Truffaut que toda a gente é capaz de nomear para além de 'Os 400 golpes'. Tem outra das grandes personagens femininas do realizador, Catherine (Jeanne Moreau), indubitavelmente mais intensa e perturbante do que Jules e do que Jim, o que levaria por si só a uma longa discussão acerca do título do filme.
7.
O segundo filme de Truffaut adapta- e subverte- um pulp thriller americano, proporcionando ao popularíssimo cantor Charles Aznavour um papelaço. 'Disparem...' é provavelmente o filme mais atípico e experimental de Truffaut. Foi também um fracasso de bilheteira, e não falta quem pense, justa ou injustamente, que nunca mais Truffaut (que queria genuinamente fazer um cinema que comunicasse com o público) arriscou tanto.
8.
Quarto episódio do 'ciclo Doinel'. As cores começam a ser mais sombrias.
9.
O fecho do ciclo Doinel é um filme estranho, original, e que deixa no espectador um rasto de melancolia e até tristeza. Curiosamente foi um êxito de bilheteira, o que mostra a profunda ligação do público da época com Antoine Doinel. Se 'A noite americana' é um filme para cinéfilos, este, tão auto-referencial, é um filme para amantes de Truffaut.
10.
O homem que amava as mulheres
L'Homme qui amait les femmes, 1977
Bertrand Morane, um mulherengo inveterado - com um fetiche pelas pernas delas - escreve as suas mémórias. Truffaut, várias vezes acusado de chauvinismo, disse que este era "um filme feminista, ao estilo de Truffaut". Na enésima prova de que a vida imita a arte, no funeral do realizador, à semelhança do de Morane, estiveram presentes muitas das mulheres da sua vida.
L'Homme qui amait les femmes, 1977
Bertrand Morane, um mulherengo inveterado - com um fetiche pelas pernas delas - escreve as suas mémórias. Truffaut, várias vezes acusado de chauvinismo, disse que este era "um filme feminista, ao estilo de Truffaut". Na enésima prova de que a vida imita a arte, no funeral do realizador, à semelhança do de Morane, estiveram presentes muitas das mulheres da sua vida.
6 comments:
É muito porreiro este projecto de fazeres Top 10 de diferentes realizadores (com indispensáveis e sucintos comentários). Sempre gostei do Truffaut: quando nos propomos levar a cinefilia avante, é um realizador de que é fácil gostar. Como o Hitchcock, aliás, de quem o Truffaut tanto gostava. Não te vou dizer que o meu Top seria diferente, nem se faltam aqui títulos que eu poria de caras. Saúdo a tua iniciativa, sobretudo isso. A cinefilia desempoeirada.
Obrigado, eu sempre tive a mania dos tops. Eu por acaso achava que o Truffaut estava um bocado esquecido, fiquei surpreendido quando ficou no topo da sondagem da N.Vague aqui do tasco.
Para quando uma opinião sobre os filmes com nomeações para os Óscares?
:)
Primeiro é preciso vê-los :)
claro que esse tinha de ser o primeiro... acho que o truffaut nunca o superou. cumprimentos
http://onarradorsubjectivo.blogspot.com/
Também tem a ver com o facto de ser o filme que "lança" o ciclo Doinel, por assim dizer. É um filme de começos, como digo.
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